Nos últimos anos, o termo "carbono neutro" ganhou destaque nas discussões. À medida que empresas e governos enfrentam a crescente pressão para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, a busca por soluções que promovam a neutralização do carbono tornou-se uma prioridade.
Neste artigo, vamos explorar o conceito de carbono neutro, porque ele é tão relevante, como empresas podem alcançar essa posição e as melhores práticas de gestão ESG (Ambiental, Social e Governança) para serem implementadas.
O carbono é um elemento químico essencial para a vida na Terra, presente em todas as formas de vida e em muitos compostos químicos. No entanto, em um contexto ambiental, geralmente nos referimos ao dióxido de carbono (CO₂), um dos principais gases de efeito estufa.
O aumento das concentrações de CO₂ na atmosfera é um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas, que causam impactos devastadores em ecossistemas, economias e comunidades ao redor do mundo.
Com o aumento da conscientização, empresas e governos estão sendo pressionados a adotar práticas mais sustentáveis. Isso inclui reduzir as emissões de carbono e investir em energias renováveis.
O Acordo de Paris, por exemplo, estabelece metas globais para limitar o aquecimento global e reduzir as emissões, tornando a neutralidade de carbono uma meta desejável e necessária.
A neutralidade de carbono é um termo amplamente discutido no contexto atual de preocupações ambientais. Em termos simples, carbono neutro implica alcançar um equilíbrio entre as emissões de carbono liberadas na atmosfera e as emissões compensadas ou removidas dela. Isso significa que as emissões de gases de efeito estufa liberadas são igualadas ou neutralizadas por meio de ações que removem ou reduzem o equivalente de emissões.
É um esforço para minimizar o impacto ambiental das atividades humanas, visando compensar a quantidade de carbono liberado na atmosfera. A pegada de carbono de uma organização, indivíduo ou produto é medida e, em seguida, são implementadas ações para equilibrar essa quantidade de emissões por meio de práticas sustentáveis ou compensações ambientais.
Embora possam parecer termos semelhantes, carbono neutro e Net Zero têm distinções importantes. A diferença central entre carbono neutro e Net Zero está no escopo das emissões consideradas.
Carbono neutro: o objetivo é equilibrar as emissões, buscando neutralizá-las por meio de compensações como créditos de carbono, como mencionado em nosso guia sobre os pilares da sustentabilidade;
Net Zero: vai além, focando em reduzir drasticamente as emissões, visando eliminar as emissões remanescentes ao invés de apenas as compensar. O Net Zero é uma abordagem mais ambiciosa e de longo prazo, geralmente com metas estabelecidas até 2050.
Outro aspecto crucial é o período e o compromisso para atingir esses objetivos. Enquanto o carbono neutro se concentra em equilibrar as emissões em um determinado período, o Net Zero requer medidas mais profundas, tecnologias mais avançadas e mudanças estruturais substanciais em setores inteiros da economia.
Tornar-se uma empresa carbono neutro é um compromisso significativo para contribuir positivamente para o meio ambiente. O processo envolve algumas etapas essenciais:
avaliação da pegada de carbono: o primeiro passo é entender a pegada de carbono da empresa, ou seja, identificar e mensurar todas as fontes de emissões de gases de efeito estufa associadas às operações, desde a produção até a distribuição.
redução das emissões: uma vez que as fontes de emissão são identificadas, é crucial implementar estratégias para reduzir a quantidade de gases liberados na atmosfera. Isso pode incluir a adoção de práticas mais sustentáveis, a eficiência energética, a transição para fontes de energia renovável e a otimização logística.
compensação das emissões restantes: após reduzir as emissões tanto quanto possível, é hora de compensar o restante. Isso pode ser feito investindo em projetos de compensação de carbono, como reflorestamento, projetos de energia renovável ou programas de conservação.
certificação e comunicação: ao alcançar a neutralidade de carbono, a empresa pode buscar certificações reconhecidas para validar seus esforços. Além disso, é crucial comunicar de maneira transparente e educativa sobre suas práticas e seus compromissos ambientais.
A transição para ser uma empresa carbono neutro requer planejamento estratégico, investimento em tecnologias limpas e, acima de tudo, uma mentalidade comprometida com a sustentabilidade ambiental.
Outro aspecto crucial é o período e o compromisso para atingir esses objetivos. Enquanto o carbono neutro se concentra em equilibrar as emissões em um determinado período, o Net Zero é uma abordagem mais ambiciosa e de longo prazo.
O Net Zero busca zerar as emissões em um horizonte temporal mais amplo, geralmente até 2050. Essa abordagem requer medidas mais profundas, tecnologias mais avançadas e mudanças estruturais substanciais em setores inteiros da economia.
Tornar-se uma empresa carbono neutro é um compromisso significativo para contribuir positivamente para o meio ambiente. O processo envolve algumas etapas essenciais:
A transição para ser uma empresa carbono neutro requer planejamento estratégico, investimento em tecnologias limpas e, acima de tudo, uma mentalidade comprometida com a sustentabilidade ambiental.
Ainda, o enfoque ESG (Ambiental, Social e Governança), abrangendo critérios ambientais, sociais e de governança, tornou-se um guia essencial para empresas comprometidas em se tornar carbono neutro, influenciando desde a gestão de recursos até a tomada de decisões estratégicas.
Além das estratégias convencionais, uma abordagem cada vez mais adotada pelas empresas é a integração de tecnologias inovadoras. Isso envolve a implementação de sistemas de monitoramento inteligente para identificar áreas específicas de alta emissão de carbono.
Utilizando a análise de dados e a inteligência artificial, as empresas podem otimizar processos, reduzir desperdícios e aprimorar a eficiência operacional, resultando em uma considerável diminuição das emissões.
Outro aspecto essencial é a parceria com fornecedores e a criação de cadeias de suprimentos sustentáveis. As empresas estão expandindo sua responsabilidade ambiental para além de suas operações diretas, trabalhando com fornecedores comprometidos com negócios sustentáveis e práticas alinhadas aos seus valores.
Essa colaboração permite maior controle sobre o impacto total das operações, levando a melhorias significativas na pegada de carbono de toda a cadeia de valor.
Além das estratégias internas de redução de emissões, as empresas também podem investir em projetos de compensação de carbono para equilibrar suas pegadas de carbono. Esses projetos, localizados em diferentes regiões do mundo, visam remover ou evitar a emissão de gases de efeito estufa da atmosfera.
Alguns dos principais projetos de compensação de carbono incluem:
reflorestamento e conservação de florestas: projetos que plantam árvores e protegem florestas existentes, sequestram carbono da atmosfera e preservam a biodiversidade. Exemplos incluem o Projeto Florestal Jari, no Brasil, e o Projeto de Conservação da Floresta Keo Seima, no Camboja.
projetos de energia renovável: investimentos em fontes de energia limpa, como parques eólicos e usinas solares, evitam emissões que seriam geradas por combustíveis fósseis. O Projeto Eólico Sidrap, na Indonésia, e o Projeto Solar Aswan, no Egito, são exemplos desse tipo de iniciativa.
projetos de eficiência energética: ações que melhoram a eficiência do uso de energia, reduzindo o consumo e, consequentemente, as emissões. O Projeto de Eficiência Energética em Edifícios, na China, e o Projeto de Iluminação Pública Eficiente, na Índia, são exemplos nessa categoria.
projetos de captura e armazenamento de carbono: tecnologias avançadas que capturam o dióxido de carbono diretamente de fontes industriais ou da atmosfera e o armazenam de forma segura. O Projeto de Captura e Armazenamento de Carbono Gorgon, na Austrália, é um pioneiro nessa área.
projetos de gestão de resíduos: iniciativas que desviam resíduos de aterros sanitários e os convertem em energia ou outros produtos úteis, evitando emissões de metano. O Projeto de Gás de Aterro Sanitário Durban, na África do Sul, e o Projeto de Compostagem Agroindústria, no México, são exemplos desse tipo de projeto.
Ao investir nesses projetos, as empresas não apenas compensam suas próprias emissões, mas também contribuem para o desenvolvimento sustentável em escala global, apoiando comunidades locais e promovendo a preservação ambiental.
Empresas que adotam práticas sustentáveis desfrutam de diversos benefícios, não apenas em termos ambientais, mas também em termos de reputação, eficiência e atratividade no mercado. São eles:
redução de custos operacionais: a implementação de práticas sustentáveis muitas vezes leva a uma redução significativa nos custos operacionais. Estratégias focadas na eficiência energética, como a adoção de fontes de energia renovável, resultam em menor consumo de recursos e, consequentemente, em contas de energia mais baixas.
atração e retenção de talentos: empresas comprometidas com a sustentabilidade têm uma vantagem competitiva na atração de talentos. Profissionais buscam empresas alinhadas com valores éticos e preocupações ambientais. Além disso, a demonstração de responsabilidade social corporativa também contribui para a retenção de funcionários, gerando engajamento e motivação.
certificação e selos verdes: outro aspecto crucial é a busca por certificações reconhecidas, como o selo verde e o Selo Solar, que validam os esforços de sustentabilidade das empresas.
Tecnologias avançadas estão sendo desenvolvidas para capturar o carbono de fontes industriais ou diretamente do ar. Essa técnica promissora, embora ainda em estágios iniciais, tem o potencial de revolucionar a luta contra as mudanças climáticas, oferecendo uma solução eficaz para reduzir o carbono na atmosfera.
Outra abordagem inovadora é a bioengenharia, que envolve o uso de organismos vivos, como bactérias e algas, para absorver o carbono da atmosfera. Essa tecnologia em desenvolvimento visa criar sistemas biológicos que capturam e armazenam carbono de maneira eficiente, aproveitando os processos naturais para reduzir a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera.
Adotar medidas para reduzir a pegada de carbono e trabalhar em direção a metas de sustentabilidade não é apenas uma escolha ética, mas uma necessidade premente diante dos desafios climáticos atuais.
Tornar-se carbono neutro ou buscar a meta de Net Zero é um passo crucial para empresas e indivíduos. No entanto, compreender a diferença entre esses termos é fundamental para estabelecer estratégias realistas e eficazes.
É essencial lembrar que a jornada para a neutralidade de carbono é um compromisso contínuo. Adotar práticas e políticas que minimizem as emissões e investir em soluções de compensação e redução são partes vitais desse processo.
A busca por parcerias e inovação para implementar mudanças significativas no modo como operamos, produzimos e consumimos energia é essencial para construir um futuro mais sustentável.
Ao final, o objetivo principal reside em deixar um legado positivo para as futuras gerações, garantindo que o planeta permaneça um lugar habitável e próspero para todos.
A transição para um futuro carbono neutro representa não apenas um desafio, mas uma grande oportunidade para empresas se destacarem em um mercado cada vez mais sustentável.
Ao adotar as melhores práticas de gestão ESG e buscar a neutralização de suas emissões, as empresas não apenas protegem o meio ambiente, mas também se tornam mais atrativas para investidores e consumidores.
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Diogo Baraban é engenheiro eletricista formado pela Universidade São Judas Tadeu, com MBA em gestão empresarial pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Desenvolveu, em sua carreira, experiência em processos produtivos e em vendas técnicas, tendo atuado nos últimos 13 anos no setor de comercialização de energia. Atualmente é membro da diretoria da EDP Smart, respondendo pela gestão dos negócios de Comercialização de Energia (atacado e varejista) e Mobilidade Elétrica. Também é membro da diretoria da EDP Ventures e conselheiro de 2 empresas investidas pela companhia: 77Sol e Fractal. Diogo Baraban escreve sobre Sustentabilidade e Energias Renováveis.
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