A preocupação com questões de preservação ambiental é um assunto de destaque nas discussões sobre energia, manejo de resíduos, consumo e distribuição de produtos e serviços, por exemplo. Em um cenário como esse, a Certificação I-REC entra como um importante atestado de responsabilidade ambiental que pode ser bastante vantajoso para empresas e organizações.
O I-REC é reconhecido internacionalmente como um documento que rastreia e atesta a origem da eletricidade consumida, permitindo que tanto a empresa como os consumidores e possíveis investidores saibam a fonte da energia usada na linha de produção. Obter esse certificado, no entanto, exige algumas etapas e pré-requisitos, e conhecê-los de antemão é essencial para aproveitar todos os benefícios.
Neste conteúdo completo sobre a certificação I-REC, você vai descobrir quais são as vantagens para as empresas, além dos critérios para obter esse documento. Continue a leitura e confira a resposta para essas e outras questões!
A Certificação I-REC, sigla para Certificado de Energia Renovável Internacional, é um sistema global de certificação que comprova a origem renovável da energia utilizada por empresas, indústrias e residências. O documento é relevante no mercado cativo de energia, ou seja, no mercado tradicional com fornecimento regulamentado, mas é especialmente importante no mercado livre de energia, onde as empresas têm a liberdade de escolher seus fornecedores.
A principal função do I-REC é rastrear a origem da energia elétrica que chega até o cliente final, comprovando que ela provém de matrizes limpas e renováveis — como a fonte solar, eólica ou hidrelétrica. Isso ajuda as empresas a demonstrarem seu compromisso com a sustentabilidade e a redução das emissões de carbono, uma vez que optar por energias renováveis contribui para uma menor liberação de poluentes na atmosfera.
A importância da Certificação I-REC se deve ao reconhecimento mundial que ela proporciona. Empresas que obtêm esse certificado podem demonstrar aos seus clientes, investidores e parceiros de negócios, tanto dentro quanto fora do Brasil, que estão adotando práticas sustentáveis em relação ao uso de energia.
De acordo com informações publicadas no site do Instituto Totum, emissor responsável pelas certificações brasileiras, dados compartilhados durante o evento do REC Market Meeting de 2019 indicaram que o Brasil já era, naquela época, o segundo maior emissor de Certificados I-REC no mundo, atrás apenas da China. Essa posição de destaque evidencia a força da preocupação nacional em aderir a energias sustentáveis, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e a preservação do meio ambiente.
A contratação do I-REC deve ser equivalente à energia elétrica consumida. Para aderir ao sistema é preciso, primeiro, enviar os documentos solicitados pelo emissor local para uma avaliação. Caso seja aprovada, a corporação deve pagar as respectivas taxas para que seja, por fim, registrada no sistema internacional usado no Brasil desde 2017.
Qualquer consumidor do mercado cativo ou do Mercado Livre de Energia pode solicitar o Certificado de Energia Renovável. Durante a auditoria realizada pelo emissor local da certificação, diversos pontos são analisados para entender se a parte solicitante se enquadra nos requisitos.
Durante a verificação de energia, o órgão responsável pela inspeção da empresa solicitante analisa se as fontes de energia usadas são realmente renováveis e legalmente instaladas, além de conferir se a eletricidade em questão é interligada ao sistema nacional de energia.
Para garantir a segurança e o bom funcionamento do sistema, o emissor investiga também se o registro REC solicitado já foi concedido ou solicitado anteriormente. Isso evita a existência de duplos beneficiários registrados em um mesmo I-REC.
Para receber uma categoria premium do Certificado de Energia Renovável, a empresa solicitante deve demonstrar seu comprometimento com ações adicionais de sustentabilidade, além do interesse em usar energias renováveis.
Esse critério não é determinante, mas, caso a empresa também atenda a ele, se qualifica para receber um selo adicional: o I-REC Brasil. Além disso, passa a poder emitir, vender e transferir os RECs para outros compradores.
Ainda segundo o Instituto Totum, o custo inicial para a adesão é de € 500,00. Esse valor equivale, em 2023, a cerca de R$ 2.600,00.
Além disso, a empresa precisa arcar com uma anuidade de € 2.000,00 — aproximadamente R$ 10.400,00 — para manter a certificação ativa.
O sistema I-REC é composto, de forma geral, por três categorias-membros: os emissores, os registrantes e os participantes. Cada uma dessas classes é responsável por diferentes atribuições essenciais para o funcionamento do sistema.
O emissor é o órgão responsável por realizar a auditoria nas empresas que solicitam o I-REC e conceder o certificado àquelas que se enquadram nas regras determinadas. No Brasil, esse papel é atribuído ao Instituto Totum.
Registrantes são os membros da certificação que geram energia elétrica renovável. A parte interessada deve registrar as usinas na plataforma nacional e solicitar a emissão de certificados em seu nome.
Os participantes são os consumidores que têm o registro I-REC. Eles podem solicitar certificação em nome de suas empresas ou de empresas de clientes e manejar a negociação de registros.
A emissão de certificados I-REC é vantajosa tanto para a empresa como para o planeta. O documento permite atestar que a origem da energia consumida durante os processos produtivos é, de fato, verde, e separar a eletricidade renovável daquela obtida por meios não renováveis.
Essa informação ajuda a agregar valor aos produtos e serviços oferecidos pela empresa — demonstrando compromisso com a sustentabilidade, com os princípios de ESG (que estimula ações saudáveis nos âmbitos ambiental, social e de governança) e com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável mundiais definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Devido à sua credibilidade global, o certificado I-REC ainda permite que a empresa concorra a títulos e selos de reconhecimento nacional e internacional por iniciativas de proteção ambiental, além de atrair investidores interessados em sustentabilidade.
Por fim, aderir a essa certificação contribui para que o Brasil passe por uma transição energética saudável com menores níveis de emissão de poluentes, visando a uma matriz ainda mais limpa e renovável baseada em fontes como as usinas solares, hidrelétricas e eólicas.
Em resumo, as vantagens da Certificação I-REC para as empresas incluem:
O Brasil é um dos maiores emissores de I-RECs no mundo. Nesse cenário, solicitar a Certificação pode ser uma escolha estratégica e vantajosa para empresas que buscam se destacar em um cenário global cada vez mais consciente das questões ambientais.
Além disso, considerando os benefícios que a Certificação I-REC pode oferecer, como o rastreamento da fonte de energia limpa e reconhecimento mundial, esse documento valoriza as atividades exercidas na corporação diante da sociedade e dos clientes.
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Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Paulista, Marcelo Garisto tem pós-graduação em Marketing e Banking pela FGV-SP e em Marketing Internacional pela Universidade de EUA/Florida Central e da Universidad de las Américas, do Chile. É Gestor Executivo das áreas de Comercialização Energia Varejista e de Gestão de Serviços Energéticos. Marcelo Garisto discorrerá em seus artigos sobre temas relacionados com o Mercado Livre.
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