MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Data de publicação: 18/10/2023

O carbono azul tem ganhado destaque nas discussões sobre sustentabilidade por ser uma das maneiras mais eficientes de capturar e armazenar CO2, beneficiando o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável de forma natural, ou seja, por meio dos ecossistemas costeiros e marinhos.

Para entender o que é o carbono azul e a sua importância para a diminuição dos impactos ambientais nocivos ao planeta, continue esta leitura!

O que são ecossistemas costeiros e marinhos?

Os ecossistemas costeiros e marinhos estão localizados em áreas litorâneas de transição entre o continente e o mar e em ambiente marinho e são caracterizados por sua rica diversidade de fauna e flora.

Entre esses ecossistemas, estão os pântanos salgados (ou marismas), manguezais e prados de ervas marinhas, que são especialmente importantes quando falamos de carbono azul. 

A seguir, conheça cada uma dessas áreas a partir de dados da Blue Carbon Initiative (Iniciativa do Carbono Azul), sobre a qual também falaremos mais adiante.

 

Pântanos salgados

Os pântanos salgados são zonas costeiras úmidas formadas pela água do mar em áreas baixas e planas do litoral, caracterizadas por um solo profundo composto de sedimentos minerais e orgânicos.

Além de serem essenciais para diversas espécies de animais marinhos em vários momentos de seu ciclo de vida, o solo dos pântanos salgados filtra os poluentes escoados na costa e ajuda a manter a qualidade da água, o que beneficia a fauna da região e as atividades pesqueiras fundamentais para o desenvolvimento da população local.

Esse ecossistema tem diminuído entre 1% e 2% ao ano, especialmente por conta da drenagem para o desenvolvimento costeiro, da transformação das áreas para agricultura e do aumento do nível do mar causado pelas aceleradas mudanças climáticas.

Prados de ervas marinhas

Já os prados de ervas marinhas são áreas ao longo das costas litorâneas cobertas por plantas submersas de raízes profundas que formam verdadeiros campos subaquáticos. 

Esses ambientes são altamente produtivos e biologicamente ricos, fornecendo alimentos e abrigo a milhares de espécies de peixes, cavalos-marinhos, tartarugas, entre outros seres, além de melhorar a qualidade da água filtrando, reciclando e armazenando nutrientes e poluentes.

Infelizmente, também é um ecossistema ameaçado pelo desenvolvimento costeiro, a poluição, as mudanças climáticas, a drenagem e as atividades não regulamentadas de pesca e barco, causando a perda de cerca de 1,5% de área todos os anos, o que chama atenção para a urgente necessidade de conservação desses ambientes.

Manguezais

Por fim, os manguezais são uma espécie de floresta tropical situada em áreas de transição entre a costa e o mar, inundados periodicamente pelas águas das marés.

É um ecossistema de extrema importância econômica no Brasil, assim como em outras partes do mundo, pois são áreas de desova de espécies marinhas importantes para a pesca nesses locais. 

Além disso, os mangues também filtram poluentes das águas e protegem as atividades e as comunidades costeiras contra tempestades, inundações e erosão.

Nos últimos 50 anos, cerca de 20% a 30% dos manguezais do mundo foram destruídos e continuam diminuindo a uma taxa de aproximadamente 2% ao ano, principalmente pelo desmatamento para a construção de tanques de aquicultura e outras atividades não sustentáveis do desenvolvimento costeiro.

O que é o carbono azul?

O carbono azul, ou blue carbon, em inglês, nada mais é do que o carbono sequestrado por esses ecossistemas costeiros e marinhos, que captam o CO2 da atmosfera e dos oceanos, armazenando-o em suas plantas e no solo.

Para ter uma ideia, ainda segundo dados da Blue Carbon Initiative, os manguezais e pântanos salgados conseguem sequestrar entre 6 e 8 toneladas de carbono equivalente por hectare anualmente, e as ervas marinhas sequestram em torno de 10% de todo o carbono dos sedimentos oceânicos todos os anos — cerca de duas vezes mais do que as florestas terrestres.

Qual é a importância do carbono azul?

O carbono azul é de extrema importância para mitigar as mudanças climáticas, uma vez que os ecossistemas costeiros e marinhos conseguem sequestrar e armazenar quantidades significativas dos gases do efeito estufa (GEE), que são os grandes vilões na aceleração dessas mudanças.

Portanto, a preservação desses ecossistemas é essencial para as metas globais de desenvolvimento sustentável, em conjunto com outras medidas socioambientais, como a erradicação da pobreza, a transição energética para o uso de fontes de energia renováveis e limpas, crescimento econômico baseado no trabalho decente, redução das desigualdades, entre outros.

Saiba mais sobre a Iniciativa do Carbono Azul

A Iniciativa do Carbono Azul (Blue Carbon Initiative) é uma ação global de preservação e restauração dos ecossistemas de carbono azul por meio de atividades científicas e desenvolvimento de metas, políticas e projetos para esse fim.

Segundo o programa, além de a destruição desses ecossistemas diminuir o potencial de sequestro de CO2 atmosférico e oceânico no mundo todo, a degradação das áreas ainda se torna uma fonte emissora de gases de efeito estufa, transformando-se em mais um problema quando poderia ser parte da solução para as mudanças climáticas.

Carbono azul e sustentabilidade

Como visto, os ecossistemas costeiros e marinhos são de extrema importância para o sequestro de carbono a fim de desacelerar as mudanças climáticas no planeta. 

Portanto, a preservação dessas áreas de carbono azul deve ser uma preocupação tão urgente quanto outras medidas socioambientais, como tornar a matriz energética mais limpa e renovável ou erradicar a fome e a pobreza.

Assim, apoiar e conhecer programas como a Iniciativa do Carbono Azul é uma maneira de contribuir com o desenvolvimento econômico sustentável — preservando e restaurando os ecossistemas de pântanos salgados, manguezais e de ervas marinhas.

Para conhecer um pouco mais sobre os impactos ambientais dos gases do efeito estufa, leia também o nosso artigo sobre a pegada de carbono!

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Diogo Baraban

Este conteúdo foi produzido por Diogo Baraban .

Diogo Baraban é engenheiro eletricista formado pela Universidade São Judas Tadeu, com MBA em gestão empresarial pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Desenvolveu, em sua carreira, experiência em processos produtivos e em vendas técnicas, tendo atuado nos últimos 13 anos no setor de comercialização de energia. Atualmente é membro da diretoria da EDP Smart, respondendo pela gestão dos negócios de Comercialização de Energia (atacado e varejista) e Mobilidade Elétrica. Também é membro da diretoria da EDP Ventures e conselheiro de 2 empresas investidas pela companhia: 77Sol e Fractal. Diogo Baraban escreve sobre Sustentabilidade e Energias Renováveis. 

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