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Sáb. 21 de dezembro de 2024

MERCADO LIVRE
Data de publicação: 06/10/2023

O Mercado Livre de Energia é uma alternativa inovadora para quem busca soluções energéticas mais justas e sustentáveis. Nesse ambiente, empresas e pessoas têm a liberdade de escolher seus fornecedores e as fontes energéticas que preferem utilizar, o que permite um maior controle sobre os gastos finais e a possibilidade de aplicar conceitos de responsabilidade ecológica. 

Para garantir que os valores praticados nesse mercado sejam equitativos e regulamentados em nível nacional, adota-se o PLD — o Preço de Liquidação das Diferenças.

Embora o PLD seja parte fundamental tanto das contratações livres de energia como do dia a dia dos adeptos desse sistema, o termo ainda gera muitas dúvidas. Questões como o que determina o valor do PLD, como esses cálculos são aplicados na prática e de que forma eles influenciam o Mercado Livre de Energia merecem atenção, uma vez que flutuações nesse parâmetro podem impactar diretamente no bolso do consumidor.

Pensando nisso, preparamos este artigo com a ideia de responder às perguntas mais comuns relacionadas ao PLD e ao Mercado Livre de Energia, explicando detalhadamente a que essa métrica se refere, como ela pode ser alterada e quais são os deveres e vantagens do consumidor, da geradora e distribuidora. Continue a leitura e esclareça essas e outras dúvidas sobre o tema!

O que é o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD)?

O Preço de Liquidação das Diferenças, ou PLD energia, é uma medida usada no Mercado Livre de Energia para estabelecer o valor da energia elétrica. Ele é definido com base na diferença entre o volume de energia gerada ou contratada pelos consumidores livres e aquela que foi efetivamente consumida, além de outros fatores importantes. 

Essa métrica permite identificar excessos e déficits na produção de energia, bem como determinar um equilíbrio entre o custo das operações e o valor que chega ao consumidor.

O valor do PLD é expresso em megawatts-hora (MWh) e serve como referência para a negociação de energia elétrica entre geradores, distribuidoras e consumidores livres. Ele varia ao longo do tempo de acordo com diversos fatores, como o clima da região, flutuações na demanda por energia e condições de operação do sistema elétrico.

Até janeiro de 2021, o valor do Preço de Liquidação das Diferenças era calculado e divulgado uma vez por semana. No entanto, a partir dessa data, a informação passou a ser calculada para cada hora do dia seguinte no que é chamado de PLD horário. Isso significa que o custo da energia elétrica, agora, pode variar em diferentes períodos, como durante a manhã e a madrugada, por exemplo.

O novo modelo de precificação permite um controle mais preciso do consumo energético por parte dos consumidores, já que é possível se informar previamente sobre os horários em que a energia estará com os menores valores para planejar a rotina de consumo diária.

Como o PLD é calculado?

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) é o órgão responsável por calcular o PLD. Para isso, utiliza modelos matemáticos computacionais de curto e longo prazo que fornecem previsões diárias, semanais, mensais e anuais.

São três os modelos mais usados: o NEWAVE, o DECOMP e o DESSEM. O NEWAVE estima os custos da energia em um prazo de até 5 anos com base no nível de água dos reservatórios hidrelétricos. Esse sistema permite analisar se a capacidade das usinas está de acordo com as tendências de consumo energético, o que é essencial para planejar, por exemplo, estratégias de expansão das usinas.

Junto às previsões de longo prazo do NEWAVE, o DECOMP e o DESSEM são responsáveis por fornecer estimativas de curto prazo, considerando períodos de 2 meses e de uma semana, respectivamente. As análises fornecidas por eles ajudam a prever detalhes mais específicos, como a carga sobre as geradoras em determinada época e a necessidade de ativar geradoras alternativas.

A partir dos dados gerados principalmente pelo DECOMP, é possível obter uma das bases determinantes para o cálculo final do PLD de curto prazo: os Custos Marginais de Operação (CMO). O CMO é, em resumo, a soma dos custos de todos os processos de geração de energia que indica quanto custa produzir um MWh de energia.

O valor do CMO é obtido dividindo o custo total da produção pela quantidade de energia produzida e depende de fatores relacionados à geração, transmissão e ao consumo de energia elétrica. Assim, considerando as diferenças regionais do território brasileiro, cada submercado do sistema elétrico nacional (Norte, Nordeste, Sul e Sudeste/Centro-Oeste) tem seu próprio cálculo de CMO e, portanto, diferentes PLDs.

Visando garantir a estabilidade e a segurança do sistema elétrico, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) define a cada ano uma faixa de valores permitidos para o PLD. Esses limites determinam os preços máximos e mínimos para a energia no Mercado de Curto Prazo e garantem uma padronização mais justa das taxas para clientes, geradores e distribuidoras.

Quais são os fatores que influenciam o PLD?

Os valores do Preço de Liquidação das Diferenças podem variar ao longo do dia e são divulgados sempre no dia anterior à sua aplicação. Essa flutuação constante é chamada de PLD horário e se baseia nos momentos do dia com maior consumo e menor produção energética ou maior produção e menor geração nas usinas.

Ter acesso aos valores do PLD horário permite que os consumidores adequem sua rotina e concentrem o consumo de energia nos horários de menor preço, proporcionando flexibilidade de escolha e impactos positivos na conta de luz. Por exemplo, se uma indústria quer reduzir os gastos na conta de luz, pode centralizar seus processos automatizados no período da madrugada, quando o valor do PLD é reduzido. 

A maior parte da produção energética brasileira é dependente das usinas hidrelétricas, locais especializados que usam a água de rios ou reservatórios para gerar eletricidade. Por esse motivo, os níveis de líquido nesses tanques, as condições climáticas e a previsão de chuvas são alguns dos fatores determinantes para o preço da energia e para o PLD. Quanto menor a disponibilidade de água nessas usinas, mais alto tende a ser o valor da métrica.

Outro fator relevante para a determinação desses preços é a possibilidade de acionar usinas termelétricas para suprir altas na demanda energética ou baixas na produção hidrelétrica. Nesse caso, o custo dos combustíveis utilizados nas termelétricas, como carvão mineral, gás natural ou derivados do petróleo, influencia o CMO, que, por sua vez, reflete em variações no PLD.

A relação entre a oferta e a demanda de energia também é determinante para esses cálculos. Quando a produção energética total é menor que a quantidade demandada, a tendência é que o Preço de Liquidação das Diferenças aumente. No sentido inverso, se a geração for maior que o consumo, o PLD pode ser reduzido.

Qual é a relação entre o PLD e o Mercado Livre de Energia?

O PLD tem uma relação direta com o Mercado Livre de Energia. Essa métrica é utilizada como referência para a definição dos valores praticados nesse mercado, bem como para as negociações de curto e longo prazo entre consumidores, distribuidoras e geradoras.

No Mercado Livre de Energia, cada consumidor pode contratar uma quantidade específica de eletricidade correspondente à previsão de seus gastos mensais. No entanto, se o consumo for menor do que o previsto em contrato, o cliente poderá receber um valor excedente da distribuidora respectivo à quantidade não utilizada. Esse pagamento é calculado com base no PLD vigente.

Por outro lado, se o consumidor gastar mais energia do que contratou, é ele quem deverá pagar a quantidade adicional referente ao sobressalente, também com base nos preços determinados pelo PLD.

Além de proporcionar cobranças padronizadas e mais previsíveis, a publicação diária do PLD horário traz ainda mais vantagens para os consumidores livres. Essa informação permite que os clientes fiquem cientes dos horários de maior e menor cobrança e, se desejarem, optam por concentrar os gastos de energia nos momentos de queda nas taxas. 

Essa modalidade de gestão contribui para uma eficiência energética inteligente, uma vez que possibilita a redução de custos tanto para o consumidor como para o sistema elétrico.

PLD e Mercado Livre de Energia: o cliente tem vantagens?

O Preço de Liquidação das Diferenças, mais conhecido pela sigla PLD, é parte essencial das negociações energéticas no Mercado Livre de Energia. Juntos, esses sistemas permitem não só que os consumidores adotem fontes de energia sustentável, mas também que controlem seus gastos energéticos de acordo com previsões fornecidas diariamente.

Ao permitir a participação ativa dos clientes no processo de negociação e gestão de seu próprio consumo energético, o PLD e o Mercado Livre de Energia proporcionam vantagens significativas ao usuário, aos geradores, às distribuidoras e também para o planeta. Essa abordagem mais flexível e personalizada, que permite a redução de custos, também estimula a eficiência energética, a sustentabilidade e a conscientização sobre o consumo de energia.

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Marcelo Garisto

Este conteúdo foi produzido por Marcelo Garisto .

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Paulista, Marcelo Garisto tem pós-graduação em Marketing e Banking pela FGV-SP e em Marketing Internacional pela Universidade de EUA/Florida Central e da Universidad de las Américas, do Chile. É Gestor Executivo das áreas de Comercialização Energia Varejista e de Gestão de Serviços Energéticos. Marcelo Garisto discorrerá em seus artigos sobre temas relacionados com o Mercado Livre. 

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