A gestão inteligente dos recursos energéticos é um diferencial no ambiente corporativo, onde cada decisão influencia o sucesso do negócio. Com a possibilidade de economias substanciais e uma maior eficiência operacional, a compreensão da demanda contratada de energia torna-se uma vantagem competitiva.
À medida que as empresas migram para o Mercado Livre de Energia, a busca por soluções que reduzam custos aumenta. Nesse contexto, calcular com precisão a demanda contratada e entender seu impacto na transição energética evita despesas desnecessárias e promove um uso mais consciente da eletricidade.
A demanda contratada é a quantidade de potência que uma empresa solicita à distribuidora de energia para que suas operações não sejam interrompidas devido à sobrecarga na rede. Essa potência é medida em quilowatts (kW) e representa a capacidade máxima que a rede elétrica precisa fornecer aos clientes em qualquer momento.
Para grandes consumidores de energia, como indústrias e grandes estabelecimentos comerciais, a demanda contratada é um fator crítico, uma vez que impacta diretamente nos custos e na eficiência energética.
Uma distinção importante a ser feita é entre demanda contratada e consumo real de energia. Enquanto a primeira tem a ver com a potência máxima necessária, a segunda é a quantidade de energia efetivamente utilizada (medida em quilowatt-hora – kWh) durante um determinado período.
Um cálculo preciso da demanda contratada evita que a companhia pague por uma capacidade de energia que não é utilizada ou que enfrente penalidades por ultrapassar o contrato de serviço.
Mensurar a demanda contratada de energia é um processo estratégico que pode impactar os custos operacionais do negócio. Abaixo, apresentamos um passo a passo para o cálculo:
listagem de equipamentos: enumere os equipamentos que consomem energia na sua empresa;
determinação da potência: verifique quanto cada aparelho consome em kW, medida geralmente disponível nas especificações técnicas;
tempo de uso dos equipamentos: calcule por quanto tempo cada equipamento é utilizado durante o pico de demanda;
total de potências: some a potência dos equipamentos em operação durante o pico;
aplicação de um fator de demanda: adicione um coeficiente de demanda para considerar que nem todos os dispositivos operam em capacidade máxima simultaneamente.
Para ilustrar a aplicação prática dos conceitos discutidos, considere uma fábrica com diversos equipamentos que, quando operam ao mesmo tempo, no período de maior demanda, consomem um total de 500 kW. Esse valor representa a soma da potência máxima que suas máquinas podem utilizar no ponto de maior consumo.
No entanto, é importante reconhecer que nem todo o maquinário funcionará a plena capacidade simultaneamente. Para refletir essa realidade, utiliza-se um coeficiente de demanda, que leva em conta a probabilidade de que alguns aparelhos não estejam operando em sua capacidade plena nos períodos de carga máxima.
Suponha que o coeficiente de demanda seja 0,85. Isso significa que, em média, a carga real a ser demandada é 85% da carga total teórica calculada para o pico. Assim, aplicando o coeficiente ao valor total da potência de pico, obtemos a demanda contratada necessária:
Demanda contratada = 500kW x 0,85 = 425kW
A demanda mínima é uma taxa cobrada pelas distribuidoras de energia, baseada na menor quantidade de energia que a empresa deve contratar.
Mesmo que a energia não seja totalmente utilizada, a empresa ainda será cobrada pela demanda mínima, o que faz desse fator um ponto a ser discutido no cálculo da demanda contratada.
Em geral, a demanda mínima é uma porcentagem da demanda máxima contratada e varia conforme a regulamentação do setor e as políticas de cada distribuidora. O impacto nas contas pode ser significativo, especialmente se o cliente contratar mais capacidade do que realmente precisa.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) categoriza o Grupo A, que abrange grandes consumidores de energia, nestes subgrupos com base na tensão de fornecimento:
A1: nível de tensão igual ou superior a 230 kV;
A2: faixa de tensão de 88 kV a 138 kV;
A3: categoria de tensão de 69 kV;
A3a: intervalo de tensão de 30 kV a 44 kV;
A4: gama de tensão de 2,3 kV a 25 kV;
AS: faixa de tensão inferior a 2,3 kV, com distribuição subterrânea.
Para essas firmas, dominar a demanda contratada e explorar as modalidades tarifárias é a chave para desbloquear uma gestão energética inteligente e econômica.
No Brasil, as tarifas de energia elétrica são regulamentadas pela ANEEL, órgão responsável por estabelecer as normas que regem os valores aplicados para diferentes perfis de consumo.
Essas tarifas pretendem garantir que o custo da geração, transmissão e distribuição de energia seja compartilhado de maneira equitativa entre os consumidores.
Para o Grupo A, que inclui consumidores de alta tensão, como indústrias e grandes estabelecimentos, e o Grupo B, formado por unidades de baixa tensão, como residências e pequenos comércios, existem modalidades tarifárias específicas.
Essas modalidades permitem que os consumidores escolham o esquema mais adequado às suas necessidades.
O Grupo A abrange consumidores conectados à rede elétrica em alta tensão, com potência contratada superior a 75 kW. As tarifas para este grupo são subdivididas em duas modalidades principais:
Diferenciadas tanto para o consumo de energia quanto para a demanda de potência. As taxas variam conforme o horário de utilização, distinguindo os períodos de ponta (horário de maior demanda) e fora de ponta (demanda menor). É ideal para consumidores que conseguem concentrar o uso de energia fora dos horários de pico, diminuindo custos.
Subgrupos A3a, A4 e AS, oferece condições diferenciadas para o consumo de energia elétrica conforme o horário, mas estabelece uma única tarifa para a demanda de potência, independente do período. É indicada para consumidores que mantêm um consumo regular ao longo do dia, sem picos significativos no horário de ponta.
A escolha deve ser feita com base no perfil de consumo da instalação, buscando o equilíbrio entre custo-benefício e eficiência energética.
O Grupo B inclui consumidores de baixa tensão, como residências e pequenos negócios. São organizadas em subgrupos, cada um com características específicas que influenciam os valores aplicados:
B1 (Residencial): unidades residenciais, urbanas e rurais, com condições diferenciadas para consumidores de baixa renda cadastrados na Tarifa Social de Energia Elétrica;
B2 (Rural): propriedades rurais que utilizam energia elétrica para atividades agropecuárias, agroindustriais ou de pesca;
B3 (Demais Classes): consumidores que não se enquadram nos subgrupos B1, B2 ou B4, como pequenos comércios e serviços;
B4 (Iluminação Pública): fornecimento de energia para sistemas de iluminação pública em vias e espaços urbanos.
Cada subgrupo reflete as características de consumo e as políticas públicas aplicáveis, garantindo que o fornecimento de energia elétrica seja adequado às necessidades de diferentes perfis de consumidores.
Esses modelos tarifários são parte do esforço regulatório da ANEEL para assegurar a justiça tarifária e fomentar o uso consciente de energia.
O Mercado Livre de Energia vem se tornando atrativo para grandes consumidores, como indústrias, comércios de grande porte e empresas do setor de serviços. Com a ampliação da legislação brasileira, esse mercado permite que consumidores menores também tenham acesso aos benefícios dessa escolha estratégica como:
a negociação de tarifas mais competitivas e contratos personalizados;
gerenciamento mais eficiente das despesas associadas à geração e ao consumo de eletricidade;
capacidade de ajustar os contratos à medida que as necessidades operacionais evoluem.
A EDP tem soluções práticas e eficientes para quem busca adotar uma fonte alternativa de energia. No dinâmico cenário corporativo, otimizar a demanda contratada de energia é a chave para cortar custos sem perder eficiência.
Com a sua empresa no Mercado Livre de Energia e a parceria da EDP, você não só poderá reduzir despesas, mas também se destacará ao adotar práticas inovadoras.
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Fernando Mussnich é Gerente Executivo de Comercialização de Energia e Originação de Negócios da EDP Brasil. Conta com 20 anos de experiência no mercado de energia atuando a frente de áreas comerciais, trading e originação de negócios com produtos energéticos e produtos financeiros. Formado pela Universidade Paulista (Unip), tem MBA em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA Executivo em Administração e Negócios pelo Insper. Fernando Mussnich escreverá sobre Mercado Livre.
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