A pegada de carbono é um dos conceitos mais abordados atualmente no âmbito das discussões sobre sustentabilidade, pois seus efeitos impactam diretamente as mudanças climáticas no planeta. Considerando isso, é de extrema importância entender o assunto, a fim de avançar nas propostas e ações que possam atenuar esses impactos.
Para entender o que é pegada de carbono, qual a sua importância e conhecer algumas medidas que podem reduzir seus efeitos, continue conosco nesta leitura!
A pegada de carbono é uma unidade de medida que diz respeito à quantidade de gases do efeito estufa (GEE) gerados nas atividades humanas, seja na esfera pessoal, a partir de hábitos individuais (quais produtos consumimos, como descartamos resíduos, como utilizamos a energia etc.), seja nas empresas, incluindo processos industriais e comerciais (fontes energéticas utilizadas, aproveitamento de matéria-prima, eficiência dos processos etc.).
Os GEE — como metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e, principalmente, o dióxido de carbono, ou gás carbônico (CO2) — são emitidos e permanecem na atmosfera por centenas de anos, como rastros que deixamos no mundo e que geram fenômenos como o efeito estufa e o aquecimento global, contribuindo para as aceleradas mudanças climáticas que temos acompanhado ao longo do tempo.
Sabendo dos efeitos prejudiciais da barreira atmosférica criada pelo acúmulo dos gases do efeito estufa, a pegada de carbono se faz importante justamente por ser uma maneira de calcular o quanto cada pessoa, produto ou atividade está contribuindo para esse quadro.
Afinal, é a partir dessa informação que podemos entender quais contextos mais têm impactado o meio ambiente para pensar e propor ações, políticas públicas e medidas de conscientização para diminuir as emissões dos GEE, em especial o CO2, o maior responsável pelos impactos negativos ao nosso planeta.
Segundo dados da organização Our World in Data, em 2021 foramemitidas cerca de 34 bilhões de toneladas de CO2 por ano no mundo, majoritariamente produzidas em processos industriais que utilizam combustíveis fósseis, como carvão e petróleo.
Dados como esse destacam a urgência da necessidade de redução na emissão de carbono, ou seja, de diminuir a pegada de carbono que deixamos no planeta, especialmente em ambientes industriais, a fim de promover um desenvolvimento econômico sustentável, diminuindo impactos socioambientais.
Como é possível imaginar, calcular a pegada de carbono envolve muitos fatores diretos e indiretos, e eles devem ser analisados de maneiras diferentes quando olhamos para a quantidade de emissão de GEE de um indivíduo, empresa, atividade econômica ou de um produto em si. Isso porque ela não ocorre apenas no momento da produção de um bem de consumo, mas também durante a sua vida útil e mesmo após o seu descarte.
Por exemplo, para fazer o cálculo da pegada de carbono de uma pessoa, leva-se em conta o tipo de habitação em que vive, a fonte de energia da casa e quantidade de consumo, quais produtos alimentícios consome, como é feito o descarte do lixo, se ele é ou não reciclado, quais meios de transporte utiliza, dentre outros dados referentes a hábitos cotidianos.
Já o cálculo da pegada de carbono em uma empresa deve ser feito por uma consultoria ambiental especializada, que considerará, entre muitos outros fatores, a eficiência dos processos de produção, o consumo energético e o desperdício de matéria-prima.
Nesse contexto, calcular a pegada de carbono acaba sendo muito mais do que uma medição de impactos, mas também passa a ser uma ferramenta de gestão, auxiliando as empresas a repensarem e adaptarem suas operações a fim de tornar seus processos e todo o negócio mais sustentável.
Reduzir a pegada de carbono não só é possível como também é uma tarefa urgente, seja em âmbito individual ou coletivo, com iniciativas das empresas, indústrias e organizações governamentais e não governamentais.
De modo geral, a maior parte das medidas se aplica a todos os contextos e se diferencia apenas na escala. Por exemplo, tanto uma pessoa quanto uma empresa podem praticar o consumo consciente, otimizando a vida útil de bens e produtos e fazendo o descarte correto de resíduos, reciclando materiais sempre que possível.
Afinal, quando desperdiçamos ou descartamos algo, estamos, de certa forma, jogando fora todo o processo de fabricação, no qual geralmente já houve toda uma cadeia de emissão de carbono. O lixo orgânico, por exemplo, é um grande emissor de gás metano quando apenas descartado, sendo que poderia ser reutilizado como adubo, ração ou até biomassa caso fosse feita sua compostagem.
Outras medidas para a redução da pegada de carbono são utilizar fontes de energia renovável em casas e empresas, uso de veículos mais ecológicos, preferência por transportes coletivos, consumir produtos que venham de cadeias sustentáveis, usar eletroeletrônicos que consumam menos energia, entre muitas outras atitudes.
Além disso, órgãos governamentais podem instituir políticas públicas voltadas à sustentabilidade, além de programas de conscientização, projetos e leis para a redução da emissão dos GEE.
As empresas também devem criar suas próprias normas sustentáveis, além de seguir regulamentações oficiais, aderir a certificados ambientais, implementar medidas que estejam de acordo com a agenda ESG (considerando aspectos ambientais, sociais e de governança) e também fazer a compensação de carbono de suas atividades.
A compensação de carbono é uma estratégia de neutralização das emissões de carbono que muitas empresas têm adotado. Isso porque, mesmo aplicando medidas para reduzir a geração dos GEE, muitas atividades ainda emitem uma quantidade considerável desses gases. Portanto, como o próprio nome diz, esse método é uma maneira de compensar os compostos emitidos em suas atividades investindo em iniciativas verdes.
O plantio de árvores é a maneira mais comum de as empresas, ou mesmo pessoas físicas, realizarem a compensação, por meio do que se convencionou chamar de sequestro de carbono. Isso porque, durante seu crescimento, as árvores absorvem o CO2 do ambiente e liberam oxigênio (O2), devolvendo ao ambiente um ar mais limpo, por assim dizer.
Mas é importante ressaltar que, para que a compensação de carbono seja considerada efetiva, é preciso garantir que as árvores cheguem à idade adulta, com cerca de 20 anos. Em relação a quantidades, as empresas precisam mensurar suas emissões para saber quantas árvores plantar, considerando que são necessárias entre 5 e 7 árvores para sequestrar 1 tonelada de carbono durante o período de crescimento.
Outra forma de compensação é a compra de créditos de carbono, um mercado que surgiu para equilibrar as emissões de carbono entre empresas que conseguem fazer uma redução maior e as que não conseguem.
De forma simplificada, algumas empresas calculam suas emissões, implementam programas e medidas para reduzi-las e, com isso, recebem certificações em que cada tonelada de carbono reduzida além de suas metas equivale a um crédito de carbono.
Esses créditos, por sua vez, podem ser comprados por empresas que não conseguirem atingir suas metas de redução. Assim, além de as emissões ficarem equilibradas, a empresa que reduz mais acaba tendo um retorno financeiro por sua redução extra de emissão.
Por fim, uma das medidas mais eficientes para a compensação de carbono é a substituição do uso de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, por fontes energéticas renováveis. Um ótimo exemplo é a energia solar, que é mais limpa e abundante no Brasil, além de ser uma das maiores aliadas em estratégias de descarbonização, um processo cujo objetivo é diminuir progressivamente as emissões de dióxido de carbono até zerá-las.
Atualmente, não é mais possível ignorar os impactos das atividades humanas para o meio ambiente e, consequentemente, para toda a sociedade. Por isso, as discussões sobre sustentabilidade têm sido cada vez mais importantes, a fim de propor medidas para mitigar efeitos negativos, como as mudanças climáticas que vêm ocorrendo.
Nesse sentido, é urgente diminuir as emissões de gases do efeito estufa, em especial o CO2, tanto em âmbito individual quanto empresarial. A pegada de carbono é essencial para que se possa quantificar corretamente as emissões de cada pessoa, atividade, produto ou instituição, a fim de ter uma visão abrangente da redução e da compensação de carbono necessárias para um desenvolvimento econômico sustentável.
Assim, implementar, apoiar e fomentar a eficiência operacional e energética e o consumo e descarte conscientes, entre outras estratégias para diminuir a pegada de carbono é responsabilidade de todos, incluindo autoridades e empresas.
Para isso, a EDP acredita que o mercado livre de energia é um dos grandes agentes de transformação para o desenvolvimento sustentável no Brasil. Acompanhe as notícias em nosso site e nossos conteúdos no YouTube para conhecer melhor as nossas iniciativas e serviços.
Fernando Mussnich é Gerente Executivo de Comercialização de Energia e Originação de Negócios da EDP Brasil. Conta com 20 anos de experiência no mercado de energia atuando a frente de áreas comerciais, trading e originação de negócios com produtos energéticos e produtos financeiros. Formado pela Universidade Paulista (Unip), tem MBA em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA Executivo em Administração e Negócios pelo Insper. Fernando Mussnich escreverá sobre Mercado Livre.
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