O que é geração distribuída e como ela funciona no Brasil?

Saiba as vantagens de implementar o sistema de geração distribuída na sua empresa e conheça as principais opções disponíveis.

ENERGIA SOLAR
Data de publicação: 30/10/2023

A geração distribuída é uma modalidade de produção elétrica que vem ganhando destaque no Brasil e no mundo. Nesse modelo inovador, o consumidor é responsável por produzir sua própria eletricidade e pode, portanto, escolher quais serão as fontes responsáveis por essa geração.

Desde as primeiras legislações que regulamentavam o sistema no Brasil, instituídas em 2012, as leis e normas passaram por diversas modificações tanto em termos de direitos como de deveres dos consumidores. As modificações afetam a forma como a eletricidade pode ser gerada, as taxas que devem ser pagas e a relação dos clientes com as concessionárias de energia, entre outros aspectos.

É essencial conhecer as bases atuais do funcionamento dessa modalidade de energia para aproveitar todas as vantagens que ela oferece. Pensando nisso, criamos aqui um conteúdo completo esclarecendo as principais dúvidas sobre o tema. Continue com a gente e descubra com detalhes o que é geração distribuída, quais as normas da geração distribuída, qual o cenário no Brasil e muito mais.

Como funciona a geração distribuída de energia?

A geração distribuída, ou GD, é uma forma alternativa de produzir e consumir eletricidade. Nessa modalidade, a energia que abastece os sistemas de iluminação, máquinas e aparelhos eletroeletrônicos é gerada no local onde será utilizada ou próximo a ele, em um esquema que não depende das concessionárias tradicionais de eletricidade.

A geração distribuída é baseada na utilização de usinas renováveis de pequeno porte — como aquelas produtoras de energia solar, energia eólica ou biomassa — e pode ser aplicada tanto em indústrias como em comércios, fábricas e residências.

Desde 2012, a geração distribuída é regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a ANEEL, e tem seus parâmetros legais determinados. A modalidade é dividida em dois subgrupos, de acordo com a capacidade de produção: a micro e a minigeração distribuída.

 

Microgeração distribuída

Os sistemas de microgeração de energia distribuída renovável são aqueles que estão conectados à rede elétrica e têm potência de geração de até 75 quilowatts (kW). Isso equivale a 75 mil Watts.

Geralmente, essas centrais são constituídas por painéis solares ou turbinas eólicas de pequeno porte e podem ser usadas para alimentar linhas de produção, sistemas de iluminação em indústrias ou mesmo residências.

Minigeração distribuída

Usinas autogeradoras com potência de geração maior que 75 kW e menor que 3 megawatt (MW) são classificadas como sistemas de minigeração distribuída. No caso de sistemas baseados em fontes como biomassa ou implementados até janeiro de 2023, o limite é de 5 MW.

Em todos os casos, a produção dessas centrais é maior do que a que ocorre nas microgeradoras e pode ser suficiente para sustentar fazendas, empresas e instituições com maior demanda energética.

Qual é a diferença entre geração distribuída e geração centralizada?

Enquanto a geração distribuída é feita no local ou próximo ao local de consumo, a geração centralizada ocorre em grandes usinas — no geral, localizadas em locais remotos — que produzem energia em enormes quantidades e distribuem a produção para as mais diversas regiões através das linhas de transmissão.

A escolha das fontes de energia utilizadas também difere entre as duas abordagens. A geração distribuída permite que o contratante escolha em quais fontes vai investir, como energia solar, energia eólica, biomassa ou pequenas hidrelétricas.

Por outro lado, a geração centralizada abrange uma ampla variedade de fontes de energia, tanto renováveis quanto não renováveis, mas a escolha final costuma não depender das preferências do consumidor — e sim das condições de geração em determinada época e das políticas da empresa. Isso pode incluir desde usinas de carvão e gás natural até usinas solares e nucleares de grande escala.

A geração distribuída tende a oferecer maior autonomia e resiliência, pois os sistemas estão próximos aos locais de consumo. Em caso de falha na rede elétrica centralizada, os sistemas de geração distribuída podem continuar fornecendo energia localmente.

Com tudo isso em vista, é comum que redes elétricas modernas busquem uma combinação equilibrada de ambas as abordagens para garantir um suprimento confiável e sustentável de energia elétrica.

Quais são as vantagens da geração distribuída para as empresas?

A GD é uma grande aliada para aumentar a autonomia e otimizar a produção independente de eletricidade em empresas dos mais diversos ramos. É possível adotar duas formas diferentes dessa geração, sendo que cada uma representa vantagens para necessidades diferentes.

No modelo on-grid, a energia gerada é conectada à rede elétrica pública. Já no modelo off-grid, a produção é autônoma, independente da concessionária, e requer, além dos geradores, baterias e um controlador de cargas. A instalação off-grid é mais indicada para áreas rurais ou remotas sem acesso confiável à rede pública.

Para adotar qualquer um desses sistemas, é preciso analisar se o local conta com a disponibilidade dos recursos necessários para gerar a energia (como vento ou luz solar suficiente), espaço e infraestrutura para comportar os equipamentos. Essa análise pode ser feita por empresas especializadas que saberão determinar qual seria o melhor sistema de geração para sua empresa.

De forma geral, a geração distribuída apresenta inúmeros benefícios para as empresas que aderem ao sistema. Entre elas, podemos apontar:

  • evita perdas por transmissão de energia, já que é feita próximo ao local de consumo;
  • garante maior estabilidade elétrica e evita falhas no abastecimento, uma vez que independe da geração centralizada;
  • reduz os gastos na conta de luz, pois pode ser baseada em fontes mais econômicas e eficientes, como a solar;
  • em modelos on-grid, o excedente de energia gerado pode ser injetado na rede e usado para compensar o consumo de energia em momentos nos quais a geração local é insuficiente (de forma semelhante a um sistema de energia solar por assinatura);
  • ajuda a transformar as atividades da empresa em modelos mais sustentáveis e eficientes;
  • permite que a empresa seja estabelecida em locais onde as distribuidoras tradicionais não chegam, como fazendas e campos afastados das regiões centrais;
  • movimenta a economia e descentraliza a renda, já que permite a geração de empregos localmente fora das grandes usinas de geração centralizada (e isso pode refletir no aumento dos lucros da empresa a longo prazo).

Qual é o panorama atual da geração distribuída (GD) no Brasil?

Depois de passar por diversas modificações, em 2022, a regulamentação da GD no Brasil foi alterada novamente pela criação da Lei nº 14.300/22, que instituiu o  novo Marco Legal da Micro e Minigeração de Energia. Esse marco legal da geração distribuída alterou o sistema de cobranças para quem gera e consome energia distribuída, mas ainda mantém os prós dessa modalidade em relação à geração centralizada.

Segundo dados disponibilizados pela Agência Brasil, o país faz parte do grupo dos 10 países com maior capacidade de produção em termos de geração distribuída. Até agosto de 2023, o volume total era de 23 gigawatts (GW) distribuídos em mais de 3 milhões de unidades geradoras. A previsão é de que esse número continue crescendo ao longo dos próximos meses e atinja a marca de 26 GW até dezembro.

Empresas de energia com compromisso com a sustentabilidade, como a EDP, têm aumentado suas apostas nesse tipo de geração. O grupo pretende investir cerca de R$ 13 bilhões em geração distribuída até 2026, colaborando para o bom posicionamento do Brasil no ranking citado.

A energia fotovoltaica solar é a que mais se destaca entre as alternativas viáveis para GD. Ainda de acordo com a Agência Brasil, cerca de 98% da eletricidade produzida pela GD provém de painéis solares — e isso se deve, entre outros fatores, à localização tropical do país.

Quais são as vantagens do condomínio solar para as empresas?

Nesse cenário, o conceito de condomínio solar vem ganhando caga vez mais espaço nas empresas instaladas no Brasil. Essa opção permite que a energia solar seja gerada em uma única unidade distribuidora independente, mas compartilhada com outras empresas, sem que elas tenham que montar sistemas próprios.

Entre os principais benefícios de optar por sistemas de geração compartilhada, como o condomínio solar, destacam-se:

  • economia com infraestrutura e possibilidade de dividir custos;
  • redução do valor da energia por quilowatt-hora (kWh), já que a produção é feita em maior escala;
  • economia de espaço, uma vez que você não precisará ceder espaço na sua empresa para montar o sistema de GD.

Vale a pena investir em geração distribuída?

A decisão de investir em geração distribuída deve ser avaliada com base nas condições específicas de cada local e nas necessidades de energia. É essencial considerar fatores como a disponibilidade de recursos naturais, os custos iniciais de instalação, os regulamentos locais e a capacidade financeira.

Investir em geração distribuída de energia, no entanto, é uma escolha inteligente para empresas preocupadas com a sustentabilidade, a independência energética e a redução de custos com eletricidade.

A possibilidade de gerar sua própria eletricidade a partir de fontes renováveis, como energia solar ou eólica, oferece autonomia e a oportunidade de contribuir para a redução das emissões de carbono no planeta Terra.

Conte com a EDP na busca por soluções sustentáveis em energia para sua empresa!

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Verena Greco
Este conteúdo foi produzido por Verena Greco .

Verena Greco é Gerente Operacional na EDP Brasil. Ela é graduada em Engenharia de Energia pela PUC Minas e em Engenharia de Energia Renovável pela Hochschule Schmalkalden –  University of Applied Sciences e tem MBA em Gestão de Negócios pelo Ibmec. Verena Greco escreve sobre Energia Solar. 

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