O Mercado Livre de Energia é regulado por diferentes mecanismos para garantir a confiabilidade aos consumidores. Um dos mais relevantes é o lastro de energia, utilizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), órgão que garante as condições para a comercialização de energia nesse ambiente.
Trata-se, basicamente, de um recurso para apurar a capacidade de uma usina em gerar energia e atender as demandas contratadas. Ou seja, é a relação entre capacidade e confiabilidade, que em caso de insuficiência e déficit, pode gerar penalidades.
Continue neste artigo e entenda o que é o lastro de energia e como o recurso funciona. Boa leitura!
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) avalia, todos os meses, o total de recursos e requisitos de uma usina geradora. Os recursos são definidos como os contratos com empresas consumidoras e os requisitos do consumo de energia.
Ao somar todos esses fatores nos últimos 12 meses, obtém-se o que chamamos de lastro de energia. Consiste na capacidade da usina em gerar e atender as demandas, seja de compra ou venda de energia, garantindo a operação do sistema.
O lastro pode ser classificado em duas formas:
lastro de produção: define a possibilidade de a usina atender a demanda por um determinado tempo;
lastro de capacidade: define quando a usina pode produzir para atender demandas instantâneas.
O papel do lastro de energia é substancial para a confiabilidade do setor, sobretudo no Mercado Livre de Energia. O mecanismo visa garantir a operação e tornar tudo mais confiável, por meio da garantia física de ativos de geração e dos contratos.
Em outras palavras, o lastro é analisado pela CCEE para certificar que uma usina tem capacidade para atender os contratos. Em caso de divergências, pode gerar penalidades. Por isso, é um recurso muito importante para a regularidade.
A ocorrência da insuficiência por lastro acontece quando o total de energia consumida nos últimos 12 meses é superior ao número de contratos no período. Tal situação caracteriza o déficit de lastro de energia, que pode gerar penalidades.
Ou seja, quando o somatório dos contratos dos últimos 12 meses for inferior à soma do consumo, o agente é penalizado por insuficiência por lastro. Isso é calculado com base no volume identificado dividido por 12 e multiplicado pelo preço de referência.
Quando a empresa tem mais de uma unidade, é avaliada a classificação de cada uma delas, como especial ou não especial. O objetivo é saber quais déficits de energia especial não poderão ser atendidos por sobras da não especial e quais delas poderão.
O valor da penalidade aos consumidores, que apresentam lastro de energia não especial, é estabelecido pelo preço médio de liquidação. Para os especiais, considera-se o maior valor entre o preço médio e o preço do lastro definido pela ANEEL.
A geração e o mercado de energia no Brasil estão em constante renovação, inclusive em relação às regulamentações legais, especialmente com a Lei 10.848/2004, que criou os ambientes de comercialização de Contratação Regulada (ACR) e o Contratação Livre (ACL).
Nesse sentido, o lastro de energia é um recurso essencial para a confiabilidade das operações, principalmente no Mercado Livre de Energia. Apurado e regulado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), auxilia a garantir a geração e consumo adequado.
Veja, a seguir, quais são os principais pontos sobre a regulação do lastro de energia!
O setor elétrico é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Além desse órgão, também há a regulação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
O lastro de energia é apurado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e segue a Resolução Normativa 1.009/22 da Aneel. A lei estabelece regras e diretrizes para a contratação de energia nos ambientes regulado e livre.
A compliance do setor elétrico é efetuada pela Aneel e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Os órgãos garantem a conformidade, evitam práticas ilegais, aplicam as penalidades e coordenam o mercado livre e o regulado.
Para atuar no Mercado Livre de Energia sem transtornos, é importante ter atenção exclusiva às regras regulatórias. Uma das mais importantes é em relação ao lastro de energia, que passa por um balanço mensal da CCEE sobre o volume de requisitos e recursos.
Quando há insuficiência, são aplicadas penalidades que podem afetar a empresa. Por essa razão, evitá-las é primordial para garantir um consumo de energia adequado, regularizado e livre de qualquer risco ao negócio.
Para isso, confira, abaixo, tudo que deve considerar para não ter penalidades com o lastro de energia!
O primeiro aspecto que deve ser observado é o cumprimento de contratos, garantindo o correto balanço energético na empresa. Também é essencial projetar os próximos 12 meses — se houver suspeita de um aumento no consumo, adquira um pouco mais de energia de forma antecipada.
A regulação do setor de energia passa por mudanças conduzidas pela Aneel e pela CCEE que impactam na comercialização. É importante monitorar as mudanças regulatórias e as tendências de mercado para antecipar ações e reduzir penalidades.
Uma boa infraestrutura na empresa favorece o consumo consciente de energia, auxiliando a reduzir excessos. Investir nesse aspecto é essencial para evitar riscos de penalidades e ainda abrir caminhos para alcançar a eficiência energética.
A diversificação das fontes de energia é uma estratégia interessante para descentralizar o fornecimento e ter ainda mais autonomia. A empresa pode adotar o uso de fontes complementares, para utilizar em caso de aumento das demandas e evitar penalidades
O Mercado Livre de Energia é um ambiente de negociação que proporciona maiores possibilidades para negociar o fornecimento de energia em diferentes fontes. É, por isso, uma alternativa que vem crescendo muito entre empresas no país e proporciona benefícios abrangentes.
Segundo a CCEE, esse mercado bateu recordes de adesões ainda no primeiro semestre de 2023, com um aumento de 52% em relação ao ano anterior. São dados que demonstram a importância da livre negociação para garantir o acesso à eletricidade.
A seguir, confira quais são os maiores benefícios ao aderir ao Mercado Livre de Energia!
O objetivo do Mercado Livre de Energia é oferecer possibilidades para diversificar a fonte geradora com opções alternativas à concessionária local. Com isso, uma empresa pode escolher e negociar com usinas solares, eólicas ou outras mais vantajosas para o negócio.
No Mercado Livre de Energia, a empresa pode contratar o fornecimento de eletricidade em fontes renováveis, como a usina solar. É a oportunidade mais econômica e prática para dar um passo importante, contribuindo com a sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.
O uso de energia da concessionária local submete a empresa às oscilações das bandeiras tarifárias e aumento do valor pago na conta. Por outro lado, o ambiente livre permite negociar as condições com os fornecedores, garantindo uma redução dos custos.
O Mercado Livre de Energia proporciona liberdade de escolha para o empreendedor, além da maior previsibilidade de gastos. Uma mudança positiva e que ainda irá contribuir para combater os efeitos do aquecimento global.
A transição de energia elétrica está em evidência no Brasil por ser uma excelente forma para ampliar o uso de fontes renováveis. Trata-se de uma vertente importante para a descarbonização e redução da dependência das usinas hidrelétricas.
Considerar a transição energética por meio do ambiente livre é, portanto, uma possibilidade para a economia e para o desenvolvimento sustentável. Ainda mais pela abundância de fontes renováveis no Brasil, diferencial relevante para o crescimento.
Com o uso de fontes renováveis, será possível alcançar a eficiência energética de maneira responsável e promissora. Esse fator é considerado uma necessidade para o sucesso em um mercado cada vez mais exigente em relação a questões sociais e ambientais.
Gostou do artigo? Agora que entendeu o conceito de lastro de energia, continue aperfeiçoando seus conhecimentos com os conteúdos do blog EDP! Leia agora mesmo sobre o que é a transição de energia e como ela acontece no Brasil!
Fernando Mussnich é Gerente Executivo de Comercialização de Energia e Originação de Negócios da EDP Brasil. Conta com 20 anos de experiência no mercado de energia atuando a frente de áreas comerciais, trading e originação de negócios com produtos energéticos e produtos financeiros. Formado pela Universidade Paulista (Unip), tem MBA em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA Executivo em Administração e Negócios pelo Insper. Fernando Mussnich escreverá sobre Mercado Livre.
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